segunda-feira, 14 de maio de 2012

Mundo Real x Mundo Virtual

Existem um dualismo de mundos. Existe o mundo físico, onde nos locomovemos, onde conhecemos as pessoas, onde nos olhamos, caminhamos, dormimos, comemos, enfim. Este mundo que bem pode ser chamado de natural; também existe um outro mundo, que a priori parece ser o mundo virtual. Não estou falando aqui do mundo da internet, mas do Mercado Econômico. Em conversa com um tio bancário há uma semana pude perceber que este mundo, o dos investimentos, das ações, dos juros, das aplicações, insurge-se sobre o nosso mundo natural de forma tão concreta e objetiva que mais parece ser aquele o mundo real e nosso mundo natural, o mundo físico apenas um reflexo dele. Eu não conseguira a princípio perceber até que ponto as alterações no mundo das finanças, dos cifrões, influenciavam nossas vidas mundanas. Agora sei que toda a cultura, todo o aprendizado, toda nossa capacidade pode estar não determinada, mas pelo menos condicionada por este mundo. Realmente, o mundo gira em torno do dinheiro que gira no mundo. É fato! Não há o que contestar...
Mas será mesmo que somos obrigados a viver nesse mundo tão maquiavélico, será mesmo que não nos é dado sair desta prisão dos negócios financeiros? Até mesmo um tibetano estaria dependente destas movimentações financeiras? Para se viver tão separado deste mundo seria necessário mesmo uma absoluta ruptura. Prover da terra os meios de sua subsistência, não atribuir valor econômico a esta terra, ter sua moradia construída a partir do que se extraiu do seu terreno, não atribuir valor econômico a esta moradia, não permitir que seja devorada pelo mercado, que haja interesse econômico. Não estar ligado há nenhuma rede como internet, pois para tal já teria que estar pagando pelo acesso à internet e nesse ponto já dependente das variações do preço do mercado para ter mais poder ou menos poder de acessar esta rede. Ignorar as leis criadas pelo homem, viver sobre suas leis. Produzir suas próprias vestimentas, sua própria energia, sua própria rede sanitária. Será mesmo possível viver totalmente desligado das relações financeiras? O mundo está constituido de tal forma que cada vez mais estamos nos submetendo a estas relações, cada vez mais estamos agindo para que o dinheiro que gira no mundo mantenha-se em rotatividade, mantenha-se ativo, vivo, nos oprimindo.
Qual é então o mundo real? Se nossos atos, nossas relações, nossas decisões são condicionadas pelas variações no mercado financeiro, então somos quase que como escravos deste mundo e ainda, quem consegue entender e viver este mundo, tem bem mais possibilidades de dominar no outro mundo que é o natural. Duas realidades! Quem estará pronto para enfrentá-las? Nós, meros mortais, vivemos muito tempo no mundo natural, tentanto forçosamente ignorar o mundo real, sendo quase sempre surpreendidos de forma tão violenta pelas manifestações do mundo real, sobre nossas vidas mundanas. Quais escolas por exemplo possuem uma disciplina no Ensino Médio de Econômia? Se o mundo real age sobre o mundo natural, porque não entendemos primeiro o mundo real, para depois percebemos o mundo natural já dominado pelo primeiro. Por que vivemos sob o véu de Maia? Não existe, é certo, um interesse de que entendamos esse mundo real, destinados a poucos, soberanos, que ostentam suas riquezes exuberantes. Quando falamos em "nossa vida", essa vida que vivemos é meramente virtual para estes que vivem no mundo financeiro, como mundo real. Pensamos estar vivendo a vida em sua plenitude, em sua forma única de apresentação. Mas o mundo é de uma engenharia brutal, e por isso vivemos atônitos frente as grandes mudanças históricas. É preciso conhecermos melhor o inimigo para nos insurgimos contra ele. Um voto à Educação Econômica nas escolas de Ensino Médio.

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