segunda-feira, 28 de maio de 2012

Massacre na Síria e "Quem é o Homem?"

Massacre na Síria. De acordom com as fontes obtidas nos jornais, provenientes da ONU, 108 civis mortos, dentre eles pelo menos 32 a 49 crianças. Fotos e vídeos estão disponíveis na internet. Crianças aliadas ombro a ombro vítimas de ataques por armas brancas, paus, bombas e armas. Os ataques tiveram início sexta-feira, dia vinte e cinco de maio.. Enquanto muitas famílias no Brasil estavam em casa assistindo televisão, preparando seus passeios, ou ainda já viajando a passeio, outras famílias estavam sendo dizimadas em uma região do Sudoeste da Ásia, na cidadade de Houla. A milícia de ativistas opositores ao governo de Bashar Assad, condenam o exército sírio pelas mortes. Mas, obviamente, o exército não usaria de instrumento como pau e faca para se projetarem contra as milícias. Também isso não quer dizer que o exército não possa ter culpa, ou mesmo que não possam ter matado algumas destas vítimas. Parece um erro nos preocuparmos com esse tipo de violência tão distante de nós brasileiros, enquanto aqui no nosso país, crianças ainda morrem de fome, ou mesmo vítimas da violência urbana. Atrocidades que permeiam o mundo de ponta a ponta. Nessas horas, quem é o Homem? O que queremos dizer com "Evolução"?
Ainda, outros países se posicionam contra o exército sírio, alegando que mantém equipamento militar pesado, como tanques e artilharia em bairros residenciais. Precisamos de tanques e artilharia pesada para conter as pessoas?! Isso não seria uma antagonismo, e até mesmo uma afronta a qualquer Direito Internacional Humano.



Ainda vale ressaltar: os números oscilam. Dependendo de quem faz a leitura, por exemplo, o Observatória Sírio de Direito Humanos (OSDH), relata que são 90 mortos, sendo 25 crianças. As condenações também são variáveis: alguns países condenam o governo Sírio, outros os ativistas, e bem poucos entendem ser uma reação mista. Indiferente de quem for a culpa, direitos humanos internacionais seguem sendo violados, crianças seguem sendo mortas, e ainda utilizam destes fatos horríveis para fazerem política, para ganharem mais poder. Bem, não é desta forma que vão conseguir frear estes tsunamis de mortes...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A Verdade é uma Impossibilidade Epistemológica

A verdade é uma impossibilidade epistemológica (Júnior José Machado).
Aquilo que apreendemos do mundo é o reflexo de nossa consciência. Consciência é consciência de alguma coisa conforme Husserl. Quando avistamos uma árvore, atribuímos a ela a característica de sua existência. É na nossa consciência que formulamos a noção de que ela existe. Ignoramos completamente o que esta árvore pode estar sendo fora do nosso olhar, se alguém já a derrubou, se morreu, se o vento a quebrou. Esta árvore está para nós (Sartre).
O Sentido que atribuímos as coisas e a vida é por mera falta de sentido, pelo niilismo, pela angústia (Kierkegaard) gerada por tudo que é incognoscível, pela necessidade de escolhermos, de andarmos, de tomarmos uma decisão a qual não poderemos saber previamente toda sua repercussão.
Nesse interim criam-se paradigmas. Assim, acabamos por ser platônicos.
Kant cria o modelo do Justo, do Ético; Sartre, o da Liberdade; Marx, o do homem de classes; Hegel, do homem histórico, etc. Todos os filósofos começam céticos, tornan-se niilista e acabam platônicos. Nem mesmo Nietzsche, o divisor de águas, foi diferente.
A Razão é um ato de Fé.
A Linguagem é Platônica, é Metafísica.
A Fenomenologia da Ontologia é Metafísica.
Nós somos Metafísicos, Platônicos (Júnior José Machado).
Enfim, é necessário se apegar em algo, para garantir sua existência, sua vida.
Destarte, criamos o mundo, as leis, os modelos, as ciências, toda uma máquina que entra em funcionamento em consonância com essa Laranja Mecânica que é o Planeta Terra.
É essa a máquina que segrega, que escolhe, que privilegia, que explora, porque não se pode fugir dela, e quem sabe manipulá-la a seu favor, estará manipulando os outros também.
Qual a saída? Não há. Ou se aceita um paradigma, ou se corre o risco de morrer louco, solitário, tendendo-se ao suicídio.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Mundo Real x Mundo Virtual

Existem um dualismo de mundos. Existe o mundo físico, onde nos locomovemos, onde conhecemos as pessoas, onde nos olhamos, caminhamos, dormimos, comemos, enfim. Este mundo que bem pode ser chamado de natural; também existe um outro mundo, que a priori parece ser o mundo virtual. Não estou falando aqui do mundo da internet, mas do Mercado Econômico. Em conversa com um tio bancário há uma semana pude perceber que este mundo, o dos investimentos, das ações, dos juros, das aplicações, insurge-se sobre o nosso mundo natural de forma tão concreta e objetiva que mais parece ser aquele o mundo real e nosso mundo natural, o mundo físico apenas um reflexo dele. Eu não conseguira a princípio perceber até que ponto as alterações no mundo das finanças, dos cifrões, influenciavam nossas vidas mundanas. Agora sei que toda a cultura, todo o aprendizado, toda nossa capacidade pode estar não determinada, mas pelo menos condicionada por este mundo. Realmente, o mundo gira em torno do dinheiro que gira no mundo. É fato! Não há o que contestar...
Mas será mesmo que somos obrigados a viver nesse mundo tão maquiavélico, será mesmo que não nos é dado sair desta prisão dos negócios financeiros? Até mesmo um tibetano estaria dependente destas movimentações financeiras? Para se viver tão separado deste mundo seria necessário mesmo uma absoluta ruptura. Prover da terra os meios de sua subsistência, não atribuir valor econômico a esta terra, ter sua moradia construída a partir do que se extraiu do seu terreno, não atribuir valor econômico a esta moradia, não permitir que seja devorada pelo mercado, que haja interesse econômico. Não estar ligado há nenhuma rede como internet, pois para tal já teria que estar pagando pelo acesso à internet e nesse ponto já dependente das variações do preço do mercado para ter mais poder ou menos poder de acessar esta rede. Ignorar as leis criadas pelo homem, viver sobre suas leis. Produzir suas próprias vestimentas, sua própria energia, sua própria rede sanitária. Será mesmo possível viver totalmente desligado das relações financeiras? O mundo está constituido de tal forma que cada vez mais estamos nos submetendo a estas relações, cada vez mais estamos agindo para que o dinheiro que gira no mundo mantenha-se em rotatividade, mantenha-se ativo, vivo, nos oprimindo.
Qual é então o mundo real? Se nossos atos, nossas relações, nossas decisões são condicionadas pelas variações no mercado financeiro, então somos quase que como escravos deste mundo e ainda, quem consegue entender e viver este mundo, tem bem mais possibilidades de dominar no outro mundo que é o natural. Duas realidades! Quem estará pronto para enfrentá-las? Nós, meros mortais, vivemos muito tempo no mundo natural, tentanto forçosamente ignorar o mundo real, sendo quase sempre surpreendidos de forma tão violenta pelas manifestações do mundo real, sobre nossas vidas mundanas. Quais escolas por exemplo possuem uma disciplina no Ensino Médio de Econômia? Se o mundo real age sobre o mundo natural, porque não entendemos primeiro o mundo real, para depois percebemos o mundo natural já dominado pelo primeiro. Por que vivemos sob o véu de Maia? Não existe, é certo, um interesse de que entendamos esse mundo real, destinados a poucos, soberanos, que ostentam suas riquezes exuberantes. Quando falamos em "nossa vida", essa vida que vivemos é meramente virtual para estes que vivem no mundo financeiro, como mundo real. Pensamos estar vivendo a vida em sua plenitude, em sua forma única de apresentação. Mas o mundo é de uma engenharia brutal, e por isso vivemos atônitos frente as grandes mudanças históricas. É preciso conhecermos melhor o inimigo para nos insurgimos contra ele. Um voto à Educação Econômica nas escolas de Ensino Médio.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Nietzsche, Kierkegaard e o Sentido da Vida

No fim, Kierkegaard e Nietzsche foram os grandes destruidores da filosofia, no bom sentido. Kierkegaard com a noção de subjetivismo; Nietzsche demonstrando a insuficiência da Razão. A partir disso, nada mais se produziu concreticamente. Então, o ser humano está nesse mundo tendo como único ponto de partida original ele mesmo. Mas é tão difícil acessar a si mesmo, quando não se conhece o que está se acessando. E até que ponto é possível executar o "conhece-te a ti mesmo" de Sócrates? Em verdade, para acessarmos este "eu" se faz necessário que adotemos algum modelo, padrão específico de acesso, sendo que nesta atitude já estamos desvirtuando o verdadeiro acesso ao "eu", pois só vamos atingir aquilo que o modelo adotado nos permite atingir. Nesse caso estamos escolhendo, nesse caso ainda estamos pegando o subjetivismo de Kierkegaard. A Fé é uma via que não se acomoda na Razão, de jeito maneira, e que mantém uma relação com o Ser Humano que recai no mitológico, que vai até onde Nietzsche já salientava, no "Só sei que nada sei" de Sócrates, no sentido de nostalgia  da ignorância. A Fé tem sua fonte de acesso também no subjetivismo. Nada mais podemos saber de profundo deste mundo, todo o resto são sofismos. Então esse mundo que queremos conhecer, é através de nós que o conhecemos, e se somos o filtro, nos escolhemos como queremos que ele nos apresente. O Ser Humano neste caso é a medida de todas as coisas, como já apontava um pré-socrático Protágoras. Bem, ainda podemos ressaltar algumas idéias de Platão e Kant, no sentido de que fora deste mundo subjetivo e da experiência existem certas verdades, como a noção de círculo perfeito. Isso serve no entendimento de nosso sistema cognoscente, isto é, como o homem passa a perceber o mundo que o cerca, e é só isso.
Conclusão: niilismo.

O que fazer com tudo isso?
A resposta parece ser: ou se adota, aceita-se ser regido por algum sistema, se engaja em alguma coisa, se envolve em um tema, se escolhe viver de acordo com determinados dogmas, determinados estilos, paradigmas, ou se esquece tudo isso e se aceita que está tudo perdido e que a vida é como Sartre desconfiava "uma paixão inútil".

Qual o risco das duas decisões?
Tanto uma como a outra pode ser um erro descabido. Não há formas de encontrar qual a resposta correta, a única forma é escolher, e escolher no escuro. Esse é o fator gerador de Angústia apontado por Kierkegaard e mais tarde também desenvolvido por Sartre. Olhando por este ângulo, o suicídio até parece ser justificável. Até mesmo o Humanismo pode ser justificável, pois se nada podemos fazer para saber se estamos acertando ou errando em nossas vidas, o mais certo parece ser tornar a vida do Ser Humano nesta terra o mais prazerosa possível, o mais tolerável ao menos, e que ela se propale.

Ou talvez buscar dentro de nós aquilo que nos faz bem, e batalhar para que essas coisas venham à tona, que estejamos atuando onde gostaríamos, vivendo a vida que achamos que valha a pena ser vivida, tendo as relações que gostaríamos de ter. Isso talvez esteja desarranjado pela nossa cultura da imposição, pois desde o nascimento já somos de certo modo obrigados a entendermos e aprendermos coisas, e a vivermos sob leis, das quais passaríamos kilometros de distância se dependessem só de nós.

terça-feira, 1 de maio de 2012

A Caverna de Platão Dos Dias Atuais

Descontextualizar alguém! Fazer com que um indivíduo de, por exemplo, trinta e oito anos entenda que a sua realidade vivida desde o seu nascimento neste mundo não é a única possível nem mesmo talvez a melhor. Provocar a reflexão e a prática da mudança para um outro modo de vida! Tarefas sórdidas e doloridas na maioria dos casos, mas não impossível. O mundo atual ao qual acabamos cedendo e vivendo sobre seus desígnios também é o mesmo mundo que provoca-nos a vontade de mudança, de manifestação em contrário, de alterar o curso das coisas. Se executo o meu trabalho, sem ao menos conhecer os reais motivos que me conduzem a ir todo dia para o mesmo emprego, executar quase sempre as mesmas atividades, sem ainda ganhar o suficiente para atender minhas expectativas, estou alienado. Se penso diferente, busco um sentido para o que faço, emito uma reflexão sincera, duvido da realidade que se apresenta aos meus olhos, estou louco! Louco ou alienado, temos que escolher. Assim, parece meramente impossível qualquer alteração significativa no modo como conduzimos nossas vidas e como nos relacionamos no âmbito das sociedades civis. Essa sociedade confortavelmente pragmática, escraviza-nos sem que ao menos procuremos quebrar os grilhões, sair de dentro da caverna e enxergar o sol lá fora. E quando ousamos a desafiar a luz que a princípio ofusca nossos olhos, e passamos a enxergar o mundo fora da caverna, ao retornarmos para contar as possibildiades tão distintas do mundo lá fora, os que na caverna se acomoram, desafiam nossa descoberta, sobre o argumento unânime de que estamos loucos. Bom melhor ser um louco lúcido, que um alienado tapado. Talvez isso explique porque pensadores tão iminentes como o filósofo alemão Friedrich Nietzsche tenha optado pela solidão. Alienou-se também, é fato! Talvez o melhor seja aprender a enxergar o mundo lá fora, aproveitar suas possibilidades, estar ainda à meia encosta, mas não abandonar o rebanho, e sim, tentar exaustivamente trazer assim mais algumas ovelhas para a visão mais abrangente, menos cômodoa, mas também transformadora. O mundo necessita desta transformação, necessita ainda dos filósofos, pois há muito o que se fazer em prol das sociedades, há muito que se construir em moral, em sentido, em humanidade...


Falta dizer: se formos pensar como hoje é tão difícil a criação de algo fantástico como a escultura de mármore puro Pietà, do grande Michelângelo Buonarroti, é bom começarmos a nos "antenar", porque talvez não estamos evoluindo enquanto seres humanos, mas involuindo....