sexta-feira, 16 de maio de 2014

Voegelin - Santo Agostinho - Nietzsche - Para que a filosofia? - Corrupção Intelectual

               
Reflexões Filosófica - Eric Voegelin
Ao ler o Reflexões Filosóficas de Voegelin, pela É Realizações, minha conclusão, aberta é claro, é que foi proveitoso rever certas considerações acerca da filosofia, como a questão da corrupção intelectual, já elaborada anteriormente por Nietzsche, sobre um outro viés, em Genealogia da Moral; também foi elucidativa a noção de Voegelin dos motivos pelos quais filosofamos, com exceção da forçosa relação da filosofia com o eterno, com o imperecível.
              Cada filósofo ao explanar sua filosofia em determinado contexto, de acordo com Voegelin, está de certa forma atrelado a esse contexto, e suas idéias para serem de fato atendidos necessita da inclinação do interlocutor até o momento da sua produção, levando ainda em consideração a gama de acontecimentos passados que concorreram para a possibilidade da ideia no presente. Ora se existe essa relação, esta forma de aprisionamento no tempo, como pode então Voegelin consistir em considerar o trabalho filosófico de determinado filósofo como algo imperecível, ligado ao eterno? Certamente, para nós, Platão por exemplo, perdura no tempo, pois até hoje é facilmente citado e ainda muito estudado. Mas Platão segue preso à Hélade, aos seus discípulos, ao seu mestre Sócrates, a política de seu tempo, à mitologia dos gregos antigos, e tudo que está relacionado à contextualização do seu pensamento. Sem esse esforço, estaríamos sendo desonesto conosco, com os outros e com Platão, no plano intelectual, chegando à própria corrupção intelectual de que trata Voegelin, e a qual se inclina para criticar.  Não estaria o filósofo alemão criticando nesse aspecto ele mesmo? Vejamos, podemos admitir que Voegelin esteja certo quanto a contextualização do pensamento filosófico no tempo, Mas daí para relacionar o pensar filosófico ao divino e ainda ao eterno, já ultrapassa em muito o sentido lógico. Não obstante, por que não considerarmos então Eric Voegelin um místico? Só assim poderíamos compreender a relação especial de seus pensamentos, e acreditar não ser isso
Eric Voegelin
charlatanismo barato filosófico. Quando Voegelin abre para falar de Hegel e Marx, alegando que todo filósofo diante da falta de solução para os problemas filosóficos acaba por criar sistemas, éticos ou morais, ele, o próprio Voegelin não deixa de fazer diferente, e de escrever seu ceú, seu inferno e apocalipse. Então quem ele está de fato criticando? Se não consegue alcançar uma outra solução, se só cobre a solução de seus antepassados de um novo véu, para ludibriar os desavisados pensando que encontrariam algo novo.
Para terminar, Voegelin associa a razão da filosofia à busca por situar o homem, traduzido por "Recuperar a realidade" ou "construir as categorias fundamentais da existência", pois bem Sartre já havia nos apresentado essa solução, e também Nietzsche, o que não é nada novidade. Também, Voegelin cita Santo Agostinho, em outros momentos de sua fala, se esquecendo do fato de que Sto. Agostinho nos ensina, muito conscientemente que a filosofia é a busca pela felicidade, ou beatitude, no termo agostiniano. Não vejo outra forma além dessa escolhida pelo Bispo de Hipona, de traduzir melhor a noção de filosofia e a busca tão árdua que se ingressa o filósofo!